Recentemente, no clássico Internacional e Grêmio, no estádio Beira-Rio, foi feita uma homenagem ao ex-jogador e ídolo colorado Fernandão (morto em um fatídico acidente de helicóptero) no telão do estádio. O que poderia ser uma bela homenagem se tornou um cenário de constrangimento, vergonha alheia, pois alguns gremistas tiveram a infeliz ideia de ironizar tal homenagem gritando "Eu, o Fernandão morreu" no instante em que a homenagem era transmitida no telão, sob os olhos da viúva e seus filhos em pleno dia dos pais. Sobre isto, Fernanda Costa, viúva do ex-jogador se pronunciou em seu Instagram: "Fiquei triste porque meus filhos estavam lá, foi o primeiro Gre-Nal da vida deles, e era Dia dos Pais! Foi maldade! Para minha família, o ser está acima de time, raça, cor, religião! Sinto pena daquelas pessoas, pois hoje, mais do que nunca, tenho a real noção do que tem valor na vida! Devem estar com vergonha hoje".

          Neste mesmo dia também acontecia o clássico paulista pelo Campeonato Brasileiro, Santos e Corinthians, cujas torcidas (uma parte destas) protagonizaram um verdadeiro show de má educação, insensatez e imaturidade fora do estádio Vila Belmiro trocando socos, pauladas e outros tipos de agressões físicas que levaram alguns ao hospital. Em outros acontecimentos, como acidentes em construções de estádios do Brasil, onde operários (cidadãos trabalhadores) foram a óbito, vi e li comentários de torcedores de times rivais comemorando a morte dos mesmos pelo simples fato dos operários estarem trabalhando no estádio do rival.

          Há alguns anos acompanho o futebol nacional, mundial e infelizmente tenho presenciado mundo afora as mais diversas e insanas formas de violência dentro e fora de estádios envolvendo torcedores. Agressões verbais levadas para o lado pessoal, brigam, matam, morrem por um "suposto amor por seus times". Isso me fez pensar sobre os limites do clubismo, da rivalidade entre os clubes.


         Vale mesmo a pena TUDO por "amor" ao seus times? Perder a sensatez, respeito pela vida humana para defenderem seus times de forma tão ignorante?
Futebol é, acima de tudo, diversão. A partir do momento em que isto afeta o psicológico da pessoa a ponto de transformá-la num cidadão inconsequente não é hora de reverem seus conceitos? Ainda falando em diversão, a cornetagem é uma das coisas mais divertidas entre torcidas rivais, desde que o façam com respeito e bom senso. Apelidos como "gambá", "bambi", "mulambo" e afins são válidos, pois em minha humilde concepção não envolvem calúnias e coisas do tipo mas a partir do momento em que há um descontrole na cornetagem, fazendo com que o torcedor agrida fisicamente ou pessoalmente outro torcedor ou envolvidos com o clube (o caso dos citados anteriormente) é o momento em que o torcedor deve refletir sobre sua saúde psicológica. Muitas pessoas tem uma forma de extravasar seu ódio, raiva, mágoa com algo ou alguém e me arrisco a dizer que alguns torcedores usam o "suposto amor por seus times" como desculpa para descontar suas insatisfações na vida pessoal, profissional porque, me desculpem, não há outra justificativa plausível que não esta. Além da clara necessidade por ajuda psicológica estes torcedores não se dão conta de que estão também denegrindo a imagem de seus times de coração e trazendo prejuízos aos mesmos, tendo em vista que o STJD enfim resolveu "se mexer" afim de punir "torcedores revoltadinhos" estádios afora. 

          O psicólogo Roberto Romeiro Hryniewicz, autor da pesquisa de mestrado "Torcida de futebol: adesão, alienação e violência", afirma que: “Não é a paixão pelo futebol que causa a violência entre torcedores, mas sim a maneira como as pessoas lidam com essa paixão”. Falta a muitos torcedores, além da educação, respeito com o próximo, maturidade e sensatez a extrema necessidade de uma autoavaliação que os façam perceber que este tipo de comportamento "terrorista" só prejudicam a si mesmos, seus clubes e tudo aquilo que o envolve. 

          Infelizmente a violência no esporte parece já fazer parte de nosso cotidiano. Enquanto muitos deveriam usar tal "energia" para questões mais relevantes envolvendo seus clubes como protestos PACÍFICOS contra a gestão dos mesmos, muitos preferem agir como alienados visando nenhum objetivo, dando ao Brasil, com a ajuda dos "hooligans tupiniquins", um vergonhoso título envolvendo o esporte que o tornou conhecido no mundo inteiro.
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Deny Freitas

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