Foi realizado na noite deste domingo (30) o penúltimo debate presidencial do primeiro turno, realizado pela RecordTV (que declarou na figura de seu dono, apoio a Jair Bolsonaro, ausente no debate, apesar de já em alta médica) contando com a presença de oito dos nove candidatos no pleito com representação parlamentar.

O debate teve um formato que privilegiou o confronto direto, não tendo o bloco dos jornalistas, a meu entender medida acertada. Apesar de também jornalista, me incomoda bastante ver o quão a maioria dos que participa de debates está muito mais preocupado com polêmicas ao estilo TV Fama, como "quem irá apoiar no segundo turno" do que com os problemas do país. Como já havíamos visto no debate em âmbito estadual, os tempos de resposta foram curtos, porém os candidatos se adaptaram bem a eles, como já visto no debate do SBT, então, a falta de propositura e o foco nos ataques aos líderes da disputa foram vistos muito mais porque esta era mesmo a proposta, do que por "falta de tempo".


O que se viu no debate em linhas gerais foi isso, uma tendência já apontada no debate anterior (que não conseguimos cobrir aqui, apesar de termos visto) como dissemos e muito intensificada, o que se viu foi um elevar de tom bastante sentido, sobretudo nas falas de Marina Silva e Ciro Gomes, os demais, salvo Meirelles (até porque não é do ramo e não tem energia para tal) também engrossaram o tom contra Haddad e o ausente candidato do PSL no caso dos candidatos a esquerda e de Alckmin (Alvaro Dias já trabalha desde o SBT para a candidatura ultraconservadora) e a conversa resumiu-se muito nisso, enfadando aqueles que buscam propostas para o país.


Portanto, nesse sentido do campo de ideias cabe destacar dois embates entre Ciro e Haddad, o primeiro ponto foi a discussão de ambos sobre educação, onde o petista relembrou os grandes avanços de sua gestão no Ministério da Educação durante a gestão do ex-Presidente Lula, implantando programas como ProUni e FIES. Ambos pensam parecido sobre o tema, mas Ciro trouxe um ponto importante para a discussão que me remete a uma crítica que tenho a essa política educacional, ainda que beneficiário dela, uma crítica construtiva.

O candidato do PDT ressaltou o enorme endividamento de estudantes em relação ao FIES. Essa é uma realidade que me leva, leva ao candidato e deve levar tanto Haddad, quanto o povo a refletirem, Vimos uma enorme MERCANTILIZAÇÃO do ensino superior através dos incentivos de financiamento e fiscais promovidos por esses programas, vimos a formação de verdadeiras fábricas de diplomas, que jogam esses recém-formados em um mercado absolutamente voraz onde muitas vezes a instituição de ensino que está lá no curriculum não tem a respeitabilidade das corporações e aquele diploma vira algo decorativo e sobra (no caso do FIES) a dívida para o cidadão.

Esses programas como disse são excelentes, são a chance do filho do pobre estudar e ser alguém na vida, algo que não existia antes do Brasil de Lula, mas não podem ser bolsa de empresários do ramo da educação. O próximo presidente seja quem for, deve priorizar no meu entender na política de ensino superior as universidades públicas federais e fomentar as estaduais, priorizando os estudantes de baixa renda e substituir esses financiamentos do FIES por bolsas entre 75 e 100% do ProUni.

O outro ponto é realmente uma ideia um tanto infeliz do PT (e aí não se sabe se é uma ideia de Lula ou uma propositura dos estudiosos do partido) de uma Assembleia Constituinte a meio desse clima, já colocamos várias vezes aqui que com esse Congresso que aí está e a tendência que se apura e que torne-se ainda mais conservador, ainda que tenha uma recuperação de bancada por parte do PT e aumento em outros campos da Esquerda como o próprio PSOL e o PDT, mas se a ideia é esta e realmente sim, em algum momento a Constituição terá de ser aperfeiçoada para atender as necessidades modernas da Nação, o mínimo a se fazer seria primeiro ver qual o cenário após 7 de Outubro, para aí sim analisar se cabe mobilizar o partido, para que tente convocar tal assembleia, o que a meu ver seria ao menos antes da consolidação do governo, um tiro no pé. Ou vocês creem que caso os ultraconservadores sejam derrotados, eles aceitarão tranquilamente o resultado? Nesse ponto, Ciro foi inteligente ao inquirir Haddad. Vamos agora falar individualmente das participações no debate, como sempre, por ordem de posicionamento no estúdio.


Álvaro Dias (Podemos) - É uma velha raposa felpuda da política e está claramente jogando já com Bolsonaro, no debate do SBT isso ficou claro, já neste, ele e Alckmin trocaram afagos, mas nos primeiros minutos da apuração, no atual cenário de 2º turno, o candidato declarará apoio ao capitão, participação pedante, nada acrescentou neste pleito e nos debates, com este sendo (muito provavelmente pelo desrespeito a lei eleitoral promovido pela Globo (clique) seu último.

Haddad (PT) - Teve a atuação criticada por muita gente, mas ele foi A VIDRAÇA, caiu na controversa questão em relação a Constituinte, essa é uma falha, não há o que fazer, mas não foi absurdamente acuado pelos ataques, manteve a compostura e não deve ter prejuízo pela atuação em si.

Meirelles (MDB) - Cansa o eleitor, se Dias tem o bordão "Refundar a República" que nenhum de seus poucos eleitores sulistas (eu amo o Sul, mas só lá votam nele) sabe explicar, Meirelles tem o: "Eu sou o candidato que vai readquirir a confiança e gerar empregos". Ora, de que forma? É uma falta de substancialidade total, vai tarde.

Geraldo Alckmin (PSDB) - Ele está na trincheira atirando, apela pra uma "racionalidade" do eleitor ultraconservador que não virá e para o antipetismo. Finge ele não saber que o Lulismo é mais forte que o petismo e o antipetismo e com isso coloca Haddad na condição favorabilíssima em que está.

Daciolo (Patriota) - Encerrou sua participação em debates de forma extremamente cômica, é uma figura que não era pra estar nesse patamar político, mas a democracia permite isso, o atual sistema permite isso, o seu partido nasceu "Ecológico", virou radical e o lançou, na Reforma Política que propomos com tempo e verba igual pra todos e com isso se estabelecer as regras para a cláusula de desempenho, com certeza, por uma via justa e democrática, um partido como esse que não tem nada a oferecer desapareceria, mas não na Reforma que Alckmin por exemplo quer, a de eliminar os adversários e perpetuar os caciques no poder.

Ciro Gomes (PDT) - Inquiriu bem Haddad nos dois confrontos, apelou para aqueles que entendem que o PT cometeu erros e efetivamente os cometeu, sobretudo em alianças, apelou para o fato de que suas propostas chegam também ao Centro e com isso ele venceria em todos os cenários de segundo turno. Ele está tentando, os militantes petistas estão irritados com sua postura, mas é legítimo ele fazer esforços para estar na próxima fase, a candidatura está posta, ele acredita nela, pessoas acreditam nela, é legítimo que ele use as armas que tem, o eleitor de Lula não vai mudar seu voto pra ele, natural o caminhar dele ao Centro, depois ele volta.

Marina Silva (REDE) - Deu seus últimos suspiros, atacar o PT e o candidato do PSL no tom mais duro de sua carreira política, são os atos e suspiros finais. Essa postura dura, talvez não seja condizente com sua história e com a forma que se conduziu até aqui, talvez desagrade muita gente no campo progressista, mas certamente agrada aqueles que pediam uma candidata com mais atitude, era briga que vocês queriam, ela foi literalmente pra briga.

Guilherme Boulos (PSOL) - Deve ser também (infelizmente) o último debate do candidato do PSOL neste pleito, ele começou a campanha e a pré-campanha num tom muito alto, moderou este tom, passando por ironias, mas sempre com muita substância, soube se colocar bem em todos os pontos. Apesar de a candidatura não ter decolado, Boulos em todas as suas aparições fez um papel digno nessa campanha, acima até mesmo do que eu tinha como expectativa.

Cito pra terminar a indagação de Boulos a Haddad sobre a possibilidade e o encaminhamento de alianças com os golpistas do (P)MDB, realmente isso é inaceitável, este é um erro grave que não pode ser cometido de novo. Por vezes, a militância petista age como se não pudesse ser inquerida em qualquer dos seus erros, tem de ser sim, sem uma reflexão sobre essas falhas graves, há o risco da história se repetir e em acontecendo, não sabemos se o partido sobreviveria, Haddad foi a cartada final de Lula, não pode se permitir ser golpeado, o candidato do PSOL não "fez gol contra" contra o PT, apenas alertou para o óbvio, que eles fingem não enxergar.



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Foto: R7. 

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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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