Na noite desta quarta (19) foi divulgada a mais recente pesquisa sobre a disputa presidencial, realizada pelo Datafolha e encomendada evidentemente pelo jornal dono de tal instituto e pela TV Globo, é importante perceber que temos visto cenários distintos em alguns aspectos nas pesquisas do Datafolha em relação ao IBOPE, que traz alguns movimentos mais bruscos, tanto de subidas como de quedas de candidatos. Há portanto uma clara diferença de metodologia entre os institutos e os números que vamos analisar cremos que são os mais próximos da complexa realidade atual.


O IBOPE tem mostrado uma subida mais forte de Bolsonaro (PSL), que na sua metodologia, com margem de erro de 3%, além de ter 29%, ou seja, dentro da margem de erro podendo ultrapassar os 30%, empataria com seus adversários nos cenários de segundo turno, um empate literal, com o mesmo percentual, perdendo apenas de Ciro Gomes (PDT). 

O instituto mostra também um isolamento total de Haddad PT) na segunda posição, já sem a sombra do pedetista e quedas mais acentuadas de Alckmin (PSDB) e Marina (REDE), ou seja, um cenário mais "duro", mais pragmático que caminha para definição com duas semanas ainda antes do primeiro turno, o que, com todo respeito, me parece pouco factível, ou, menos factível que o que vemos no Datafolha, onde os movimentos também são capturados, mas não de forma tão extremada. Alguns podem dizer que o IBOPE tem uma presença nacional mais forte que o Datafolha, por este ser sediado em SP. Isso é fruto de desconhecimento, pois hoje o Grupo Folha é muito forte, tendo sucursais estruturadas em todo o país, não a toa sua margem de erro é menor.


O instituto mostra o candidato do PSL isolado a frente com 28%, seguido de Haddad ainda com 16% (e não os 19% que IBOPE e MDA apontam) e Ciro ainda no páreo com 13%, Alckmin com 9% apesar de não estar com percentual tão baixo como em outros institutos, consolida seu fracasso ao lado de Marina com 7%, seguidos por Álvaro Dias (Podemos) e Amoedo (Novo) com 3%, Meirelles (MDB) que perde um ponto com 2%, Vera Lúcia (PSTU) e Boulos (PSOL) com 1%, sem percentual para Daciolo (Patriota) e João Goulart Filho (PPL). 



Nota-se que Alckmin virou um peso morto eleitoral (clique) e isso se deve a vários fatores. O primeiro deles é que sua candidatura e "simpatia" perante o povo são absolutamente mornas, o candidato apesar da ótima dialética que tem não consegue ser crível e não consegue ser NACIONAL, na síntese do termo, é o efetivo candidato de Temer (clique) apesar de atacar mandatário do (des)governo (que prontamente respondeu (clique) e um "Paulista querendo chegar ao Planalto" e só (nada contra os paulistas, eu também sou, mas há que ser mais). Nisso algumas candidaturas do Centro o atrapalharam, os 8% hoje com as três candidaturas que dividem com ele a luta na Centro-Direita certamente seriam dele caso as candidaturas não existissem, são eleitores identificados com a Direita e com o Mercado, que rejeitam o extremismo de Bolsonaro, mas também rejeitam o que Alckmin representa e seu discurso de que SP está uma maravilha, não, NÃO ESTÁ e só a parcela elitista dos paulistas cai nessa conversa mole. Vejam que na pesquisa Alckmin aparece com 9%, ou seja, caso a Centro-Direita não estivesse tão fragmentada (mal que geralmente acomete a Esquerda) o candidato tucano poderia atingir os 17%, ou seja, ainda vivo na luta pelo segundo turno, competindo com Haddad e Ciro.

Ainda falando de Alckmin, nos parece que vai morrer atirando como na linguagem de guerra (o que cabe em uma disputa com Bolsonaro), onde o mesmo vai insistir em tentar tirar votos por meio de uma espécie de apelo a racionalidade do eleitor, a meu ver estratégia errada, o eleitor de Bolsonaro NÃO VAI RECOBRAR A RACIONALIDADE, eles aceitam que o candidato seja favorável a mais impostos para os pobres, que se refira aos pobres de maneira rude (haja vista vários discursos dele na câmara), aceitam que o candidato trate o armamentismo como solução, que se manifeste de forma preconceituosa várias vezes, que pense que a mulher por engravidar sim mereça (segundo ele) receber tratamento diferenciado no ambiente de trabalho e que não tenha absolutamente NENHUMA PROPOSTA para o país. Seus eleitores aceitam isso e dizem que: "tudo têm de ser analisado dentro do contexto", ora, há coisas que não são aceitáveis sob nenhum contexto, ainda mais pra quem quer presidir o país. Mas pra eles não importa, tomaram o político por estimação e não vão mudar, sobretudo depois da facada (clique), antes dela, Alckmin no meu entender ainda tinha chance de absorver ao menos uma parte desses votos, agora não mais.



Outra candidata no meu entender já derrotada é Marina (clique) , não digo que é uma má candidata e que não tenha bons projetos, mas a charge diz tudo, suas posições (ou a falta delas) incomodaram muito o eleitorado.

Em algum momento Marina chegou a absorver parte dos votos que iriam para Lula, se isolando na segunda posição, porém este movimento foi na pesquisa seguinte destruído por uma queda acentuada, que se deve a um simples fato, hoje Marina não é capaz de absorver o eleitorado nem mais ideologicamente identificado com a Esquerda, menos ainda com a Centro-Direita, é lindo um mundo onde todos possam viver e conciliar, mas no cenário selvagem que observamos isso não é possível, ainda mais com um vazio de subjetividade nas propostas, como o apresentado pela candidata, que crê conseguir trabalhar ao mesmo tempo com os caciques do setor econômico e com os movimentos ambientais e sociais.


No campo da extrema esquerda, nota-se uma certa decepção com Boulos, que apesar da ótima dialética e repercussão que gera em suas aparições, não conseguiu reverter isso em um percentual ao menos que correspondesse ao campo onde o PSOL atua, cerca de 4% do eleitorado. Ainda nesse campo, um dado curioso é que mais de um terço dos pesquisados que declaram simpatia pelo PSOL votariam em Ciro, apenas 19% votariam em Boulos, a candidatura do ex-petista parece não ter colado mesmo entre os próprios quadros e o eleitorado tradicional, algo que pré-convenção já indicava. Por fim, vale mencionar a valentia da candidatura do PSTU com Vera Lúcia, que mesmo sem nenhuma exposição midiática, atinge o 1%, nos parece ser um voto de resistência e contrariedade com o confuso cenário político.




O que nos leva ao ponto culminante de nossa análise. Os outros institutos e alguma parte do eleitorado (sobretudo que se alinha mais ao petismo e ao lulismo) já dão a disputa no campo da Esquerda pelo segundo turno como ganha por Haddad que é Lula (clique), evidentemente que a subida de Haddad, impulsionado evidentemente pela figura de Lula indicam isso e colocam o ex-Prefeito de SP em uma condição absolutamente favorável para chegar ao segundo turno. Mas há que reparar que Ciro (clique) ainda não teve qualquer queda, ainda vence em todos os cenários de segundo turno e tem (apesar dos militantes de Bolsonaro já terem percebido isso e passarem a o atacar fortemente) um menor prejuízo em relação ao antipetismo. Ciro sim ainda está na disputa, tem propostas, tem experiência e tem uma carta importante na manga, pode dialogar com o eleitor mais ao Centro e a Marina, além do desgostoso eleitor que não declara voto, que soma mais de 20% do eleitorado de acordo com as amostragens das pesquisas. Isso leva a crer que o cenário está longe de estar definido para o segundo turno, serão duas semanas onde o candidato do PDT irá lutar para seguir buscando a presidência e uma coisa é certa, passe Haddad ou Ciro para a próxima fase da eleição, um apoiará o outro na luta para livrar o Brasil do ultraconservadorismo.




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Imagens: Acervo JC (Chargistas Cícero, Gilmar e Aroeira e Reprodução TV Cultura) 




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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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